sábado, 1 de maio de 2010

A origem histórica da escolha do 1º de maio para celebrar o Dia dos Trabalhadores

Arquivo/Manifestação de trabalhdores em Chicago (EUA) em 1886.
Trechos extraídos do texto do jornalista André Cintra

"As comemorações atuais do Dia Internacional do Trabalhador, a cada 1º de maio, guardam semelhanças e diferenças, umas e outras radicais, com o fato histórico que deu origem à celebração da data. A exemplo da Revolta de Heymarket (1886), que ocorreu num bairro operário de Chicago e culminou no massacre de 12 manifestantes, os protestos deste sábado (1º/5) também serão em defesa de melhores condições de trabalho.

Na Chicago de 124 anos atrás, milhares foram às ruas e desencadearam uma greve de proporções nacionais nos primeiros dias de maio. A carga diária de trabalho era, em média, de 13 horas, no rastro da 3ª Revolução Industrial. Não havia direitos nem tampouco benefícios sequer os descansos semanais eram regulamentados. Mas a principal bandeira de lutas era mesmo a redução da jornada de trabalho para oito horas por dia.

As provocações policiais não impediram que a greve se estendesse dia após dia, chegando até a confrontos entre a classe trabalhadora e a repressão, esta a serviço dos interesses da jovem burguesia industrial. Sete manifestantes foram condenados à morte, e um oitavo, a 15 anos de prisão. Partindo de Heymarket, o brado destemido daqueles operários ecoou pelos Estados Unidos e pelo mundo. Em 20 de junho de 1889, a 2ª Internacional Socialista deliberou a convocação anual de manifestações, de 1º em 1º de maio, para reafirmar a bandeira da jornada de oito horas de trabalho diário.

O 1º de Maio, escreveu o escritor uruguaio Eduardo Galeano em O Livro dos Abraços, “é o único dia verdadeiramente universal da humanidade inteira, o único dia no qual coincidem todas as histórias e todas as geografias, todas as línguas e as religiões e as culturas do mundo”. Neste ano de 2010, em que os efeitos da crise do capitalismo se revelam impiedosamente em curso, sobretudo na Europa, é necessário que os trabalhadores reforcem esse espírito de unidade, consciência e transformação.

Se “cada passo de movimento real vale mais do que uma dúzia de programas”, conforme ensinava Karl Marx, há poucas datas mais propícias para o hastear dessas bandeiras do que o 1º de Maio. Assim, que cá ou acolá as manifestações do Dia Internacional do Trabalhador, com ou sem festa, um pouco mais ou um pouco menos politizadas, façam jus à memória dos heróis de Heymarket."


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