segunda-feira, 19 de julho de 2010

Na Faep, Osmar e Richa travam batalha por apoio de agricultor

Por Ivan Santos / Bem Paraná
Foto: Giuliano Gomes


Os dois principais candidatos ao governo do Estado travaram em Curitiba, uma “batalha verbal” pelo apoio dos produtores rurais paranaenses. Em debate promovido pela Federação da Agricultura do Paraná (Faep), o senador Osmar Dias (PDT) e o ex-prefeito de Curitiba, Beto Richa (PSDB) trocaram farpas e tentaram mostrar que estão sintonizados com os anseios do agronegócio – responsável por boa parte do Produto Interno Bruto (PIB) do Estado.

Primeiro a falar, Richa tentou vincular o adversário ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) – por conta da participação do PT na coligação que apoia Osmar. O senador, por sua vez, lembrou sua trajetória pessoal, familiar e política para reafirmar o compromisso com a defesa do direito à propriedade e a posição contrária às invasões de terra.

E sinalizou ainda uma crítica velada a falta de coerência do opositor, que como deputado e integrante da base do governo Jaime Lerner, teria apoiado a implantação do pedágio. As altas tarifas são apontadas como um dos principais problemas do agronegócio no Estado – por onerarem demasiadamente o custo do transporte e da produção.

Richa e Osmar não se enfrentaram diretamente no evento da Faep. O debate aconteceu em horários separados, com o tucano falando pela manhã, e o pedetista no início da tarde. Em sua fala, o candidato do PSDB prometeu investir em infraestrutura, e incorporar propostas da Faep para o agronegócio a seu plano de governo. Também garantiu o cumprimento dos mandados de reintegração de posse de áreas invadidas. “O ideal é evitar invasões, com diálogo e políticas públicas. Mas os mandados de reintegração de posse determinados pela Justiça serão cumpridos”, disse.

Evitando atirar diretamente em Osmar – a quem tinha como aliado e de quem esperava o apoio até há pouco tempo - Richa destacou a posição de seu candidato à Presidência, José Serra (PSDB). “Serra respeita o setor do agronegócio. Ao contrário da adversária, que tem o apoio do MST”, afirmou, referindo-se à candidata do PT, Dilma Roussef, que apoia Osmar.

Sobre o pedágio, o tucano reafirmou que pretende chamar as concessionárias para conversar e buscar a redução das tarifas. “Vou despolitizar este tema e tratá-lo com a seriedade que merece. Agora é o momento de chamar as concessionárias para o diálogo”, disse.
Invasão é crime — Já preparado para enfrentar esse tipo de questionamento, Osmar rebateu de pronto qualquer insinuação de “corpo mole” com as invasões de terra no Estado. “Não mudo minhas convicções. Sou produtor rural, filho de agricultor e trabalho há 30 anos na defesa da agricultura e do direito à propriedade”, afirmou. “Invasão é crime, e como crime será tratado”, garantiu.
Sobre a relação com o PT e o governo Lula – que têm no MST um aliado político – o senador lembrou que se trata de um governo de coalizão, que inclui as mais diversas correntes políticas e ideológicas.

E deu o exemplo, citando o deputado federal paranaense e ex-ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes (PMDB), presente na plateia. “O Stephanes foi o melhor ministro da Agricultura da história”, disse. “O debate não pode ser travado com base no preconceito e em conceitos firmados há muito tempo”, observou, acrescentando que “a resposta para esse tipo de ilação” de suposta leniência com as invasões estava em sua história de vida.

Presente — Osmar também não deixou de alfinetar o adversário ao falar sobre o pedágio. “É preciso ter muito cuidado. A última vez que alguém andou pelo Paraná prometendo levar o modelo de Curitiba ao Estado, deu de presente o pedágio”, ironizou, referindo-se à principal bandeira de campanha de Richa. “Não saí candidato para desfilar pelo Estado. Saí para defender o Paraná”, explicou.
O pedetista ainda aproveitou a intimidade que tem com a classe produtora rural para lançar outra farpa contra o adversário. “Para trabalhar em sintonia com o produtor rural é preciso ter essa sintonia com o setor”, disse.

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