quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Pânico leva Osmar a colocar o Paraná em posição servil

A contradição exacerbada de Osmar Dias em reta final de campanha revela o "desespero do vale tudo" e entra em choque com os discursos de uma vida inteira. Leia e reflita, com o texto do jornalista Fábio Campana.

Na reta final da campanha o senador Osmar Dias, candidato do PDT ao governo do Paraná, optou pela anulação total da própria personalidade para aparecer ao eleitor paranaense como um tutelado por Lula e pelo Partido dos Trabalhadores.

No programa que foi ao ar na quarta-feira, 8, um Osmar com ar de adulação servil apareceu em um estúdio junto com Lula despejando elogios exagerados ao presidente, afirmando que o seu maior sonho, se eleito governador, será contar com o conselho e orientação de Lula (que será um cidadão comum), e o direito de “entrar pela porta da cozinha da presidente Dilma”.

O Paraná, até 1853, foi província de São Paulo. Este antecedente histórico sempre incentivou nos políticos do estado demonstrações de altivez, nunca de submissão e servilismo. Jamais um político paranaense afirmou que dependeria, para governar, dos conselhos e orientações de um político de São Paulo (Lula nasceu em Pernambuco, mas é um paulista por formação). Nunca um político do Paraná (ainda que Osmar seja paulista de Quatá) reivindicou a “honra” de entrar na casa da hipotética futura presidente pela “porta da cozinha”. Como simbolismo a escolha é péssima. A tradição, e mesmo a prática até hoje em alguns lugares (como é o caso do luxuoso prédio onde Osmar mora), é que a entrada da cozinha, ou de serviço, seja reservada aos empregados e os prestadores de serviço. O Paraná, um dos grandes geradores de riqueza do Brasil, sempre pode entrar pela porta da frente.

Mas o pior de tudo foi assistir o senador Osmar Dias renegar o próprio passado naqueles longos minutos de adulação pegajosa. Até 2009 o senador foi um duro crítico do governo do PT. No ano passado assinou um pedido de CPI para investigar as relações promíscuas do governo petista com o MST, inclusive em termos de financiamentos ilegais para as invasões de terra. Osmar costumava debochar da ignorância de Lula em questões econômicas, em especial aquelas relativas à agricultura. As palavras do presidente, que agora escuta com veneração e reverência, provocavam sua repulsa, porque ele o considerava um cínico, como revelou em discurso no Senado em 7 de novembro de 2005. “Não agüento mais o presidente Lula, com cinismo, dizer que o denuncismo vazio tem que acabar no País, quando há provas concretas de desvio de dinheiro público”.

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