terça-feira, 7 de setembro de 2010

Richa esquece propostas e parte para o ataque contra Osmar

Do Ivan Santos do Bemparaná

Na maior guinada desta campanha eleitoral, o candidato do PSDB ao governo, Beto Richa, abandonou a linha “propositiva” e partiu para o ataque direto ao principal adversário, o candidato do PDT, senador Osmar Dias.

Logo no início do programa exibido no período da tarde (6), Richa abriu o horário para apresentar uma gravação em vídeo de Osmar na campanha de 2008, quando o tucano disputou à reeleição para a prefeitura de Curitiba. Na gravação, o pedetista afirma que seu partido estaria apoiando a candidatura de Richa à reeleição na Capital, espontaneamente, sem pedir nada em troca.

“Antes de começar o programa de hoje, vamos restabelecer a verdade, sem teatro, sem drama, sem encenações”, disse o candidato do PSDB no programa de ontem, antes de colocar o vídeo no ar. A gravação é uma tentativa da campanha tucana de rebater as declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no comício da última quinta-feira, em Foz do Iguaçu. No comício, cuja fala vem sendo reproduzida desde então no programa de Osmar, o presidente afirma que já tinha avisado o pedetista que Richa não iria cumprir o suposto acordo de apoiá-lo para o governo do Estado em 2010, em troca do apoio na reeleição para a prefeitura da Capital, em 2008.

Na ocasião, Lula relatou que procurou Osmar para apoiar a candidatura da petista Gleisi Hoffmann à prefeitura de Curitiba, contra Beto Richa. Segundo o presidente, o pedetista teria afirmado que tinha um acordo com o tucano, para que ele apoiasse sua candidatura ao governo em 2010, em troca do apoio para a reeleição na prefeitura. “Eu disse, Osmar, você está enganado. Porque esse que você disse que vai te apoiar vai ser o teu adversário da campanha de 2010”, contou Lula. “Aconteceu exatamente o que eu previa. Quem esse moço (Osmar) apoiou hoje é o moço (Richa) que quer derrotar esse moço (Osmar) que ajudou a elegê-lo prefeito da cidade de Curitiba”, disse.

Beto Richa sempre negou que tenha feito acordo com Osmar para apoiá-lo para o governo em 2010. Recentemente, em sabatina promovida pelo portal Uol, também negou ter assumido o compromisso de permanecer quatro anos na prefeitura, caso fosse reeleito.

Mas, mais do que o conteúdo da gravação exibida ontem, chama a atenção a mudança de estratégia na campanha do tucano. Richa sempre exibiu um discurso em favor de uma campanha centrada em propostas, sem ataques aos adversários. Ele, aliás, costuma responder aos questionamentos atribuindo-os ao “desespero” dos concorrentes.

Sintomas — A mudança de orientação é ainda mais sintomática quando se leva em conta que Richa tem liderado até aqui as intenções de votos nas pesquisas divulgadas até agora. E tradicionalmente, os candidatos que estão na frente, evitam fazer críticas aos adversários ou mesmo responder diretamente aos ataques dos concorrentes. É o caso, por exemplo, da presidenciável Dilma Rousseff (PT), que tem ignorado, em seu programa eleitoral, os ataques da campanha de José Serra (PSDB), que responsabilizam a petista pela quebra de sigilo fisca da filha e de aliados do tucano. No programa, Dilma mantém a postura “propositiva”, limitando-se a responder os ataques de Serra somente em entrevistas à imprensa, nunca diretamente em sua propaganda.

A guinada na campanha de Richa sinaliza que o tucano estaria vendo sua liderança ameaçada pela intensificação da presença do presidente Lula na campanha do adversário. O apoio do petista é a principal arma de Osmar para reverter a vantagem do tucano nas pesquisas. Tanto que a gravação da fala do presidente no comício de Foz vem sendo exaustivamente utilizada pelo candidato em sua propaganda na televisão. Graças ao apoio de Lula, Dilma já passou à frente de Serra no Paraná, segundo as pesquisas.

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