sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Pessuti reage e culpa Requião por obras não realizadas

Governador rebate ataques de antecessor, a quem responsabiliza por promessas não cumpridas por falta de recursos

De Ivan Santos do Bem Paraná

O governador Orlando Pessuti (PMDB) quebrou o silêncio e reagiu com dureza aos ataques do antecessor, Roberto Requião (PMDB), culpando-o por uma série de obras prometidas pelo ex-governador e não realizadas por falta de recursos. Em entrevista à rádio CBN, Pessuti confirmou que não conversa com o ex-aliado desde que assumiu o governo e começou a atacá-lo.

Requião e Pessuti romperam relações após a transmissão do cargo, em abril. O novo governador não perdoou o antecessor por ter frustrado seus planos de ser candidato ao governo pelo PMDB, forçando o apoio à candidatura do senador Osmar Dias (PDT), derrotado no primeiro turno pelo tucano Beto Richa (PSDB). Após a eleição, em que obteve uma vaga no Senado por uma diferença de pouco mais de um ponto porcentual em relação ao terceiro colocado, o deputado federal Gustavo Fruet (PSDB), Requião passou a culpar Pessuti pelo resultado apertado. Também atribuiu a um suposto descontrole nos gastos pelas dificuldades financeiras do Estado.

Pessuti, que até então vinha evitando polemizar publicamente com o ex-governador, decidiu na última quarta-feira partir para o contra-ataque. Segundo ele, se existe algum problema financeiro na administração estadual a responsabilidade é de Requião, que prometeu e autorizou uma série de obras, sem que houvessem dinheiro em caixa para realizá-las.

“Conversa não tem. Eu tenho procurado me pautar no comando do governo. Não tenho em nenhum momento hostilizado ele e gostaria que ele também não me incomodasse. Ele que cuide da vida dele, que eu cuido da minha”, disse. “Não fiz nenhuma ação política para prejudicar a sua eleição. Não sabia que mesmo calado eu tinha tanta força para prejudicá-lo”, afirmou. “Durante 27 anos o ajudei a governar o Paraná e ele não teve a mesma postura de nos apoiar em uma única eleição. Foi para a desconstrução da nossa candidatura. Uma semana depois de termos assumido já começou a fazer críticas ao nosso governo e as pessoas que nós nomeamos, que são as mesmas que já estavam no governo dele”, reclamou.

O governador contou que a ida a Brasília no meio da semana foi justamente para buscar recursos federais para obras prometidas por Requião e não feitas por falta de receita. Segundo ele, o governador eleito tem o direito de realizar uma auditoria nas contas do Estado, como afirmou. “

Paraná está com suas contas em dia. Não fizemos absolutamente nada que pudesse comprometer as finanças do Estado”, garantiu.

“Muitas coisas que o Requião prometeu, ele não conseguiu fazer e eu estou conseguindo. Ele prometeu fazer 151 escolas em parceria com municípios, e não fez nenhuma. Eu consegui fazer pelo menos 27”, contou. Pessuti disse que o antecessor também prometeu e divulgou estar construindo 300 clínicas da mulher. “Na verdade só tinha 146, nós conseguimos colocar mais 72”, explicou. Requião também teria autorizado 64 escolas estaduais novas, mas elas sequer foram licitadas por falta de recursos. “Se alguma coisa de irresponsabilidade aconteceu foi lá atrás quando ele autorizou obras que não podiam ser autorizadas, porque a receita não permitia. E quem diz isso é o Heron Arzua (secretário da Fazenda) que já o assessorava”, afirmou.

Pessuti confirmou que vai trabalhar pela candidata do PT, Dilma Rousseff, no segundo turno da eleição presidencial. Mas disse que a responsabilidade pela coordenação da campanha no Estado deve ser da senadora eleita pelo partido, Gleisi Hoffmann. “Quem coordena é a candidata e os partidos que integram a coligação, não sou eu nem o governador Requião que temos que decidir quem é coordenador. Eu não faço questão”, alegou.

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